24 de dezembro de 2015

O Primeiro Natal de Laís

I.

O café era tão pequeno que eu quase decidi procurar outro lugar. Tinha apenas meia dúzia de mesas e estavam todas ocupadas. Além disso, elas ficavam tão perto uma das outras que eu achei que jamais conseguiria entrar com todas as sacolas que estava carregando. Precisei fazer malabarismos, pedindo licença aqui e desculpas ali, mas finalmente consegui chegar ao balcão e pedi um café.

Enquanto esperava, puxei a lista de presentes do bolso da calça. Eram quase trinta ou um pouco mais de trinta pessoas. Não lembro mais. Pedi uma caneta para a garota do café e risquei os últimos nomes. Depois de quase oito horas andando no shopping, todos os presentes estavam comprados.

E, eu lembro que ali, esperando meu café, eu me senti feliz com isso.

Sabe, até esse ano, comprar presentes de natal era algo que eu fazia por obrigação. Para mim, era algo que todo mundo fazia e que as pessoas esperavam que você fizesse. Isso não quer dizer que eu não gostava, mas acho que eu pensava mais em mim que em qualquer outra coisa. Tentava não deixar para a última hora por minha causa. Tentava não entrar em lojas que estivessem cheias por minha causa. Tentava não gastar demais por minha causa.

Mas esse ano foi o primeiro Natal que eu tinha decidido dar um presente para todas as pessoas que eu gostava. Não só para família, mas para os amigos. Os colegas de trabalho que eram mais próximos. Vizinhos com quem eu gostava de conversas. Nesse ano, eu tinha decidido dar presentes para todos eles.

Durante muito tempo, eu achei que tive essa vontade porque eu tinha ganhado um bom dinheiro naquela época e estava me sentindo generoso. Mas hoje eu sei que não. Mesmo porque eu não comprei nada muito caro, porque assim eu tinha certeza que todo mundo iria ganhar algo. Uma caneta, uma agenda, um disco... Naquele tempo ainda existiam discos, eram bons presentes.

Hoje eu sei que não teve nada a ver com dinheiro. Eu gosto de pensar que toda pessoa percebe que um presente é muito mais que um presente... Acho que todo mundo percebe isso mais cedo ou mais tarde. Eu percebi isso aquele ano.

Mas eu não estava pensando nada disso ali no café. Estava pensando só em tomar meu café, ir embora e me preparar para a festa. Então, comecei a beber meu café ali no balcão mesmo... Engraçado, eu lembro que queimei a boca quando dei o primeiro gole. Não é importante, mas nunca me esqueci disso. Mas, enfim, quando eu dei o primeiro gole ouvi uma pessoa me chamando da mesa do canto.

Olhei e vi um sujeito de barbas brancas, fazendo sinal para que eu me sentasse com ele, indicando que o outro lugar na mesa estava vago. Agradeci e disse que não, mas ele insistiu, argumentando que eu não ia conseguir tomar café com todas aquelas sacolas ali comigo. Ele tinha razão. Assim fui tomar meu café ali.

Só quando eu me sentei na frente dele percebi que a barba branca não era por acaso. Ele usava uma capa de chuva marrom, mas eu vi que sua roupa era uma fantasia de Papai Noel. Imaginei que ele fosse um dos cinco ou seis velhinhos fantasiados que ficavam andando pelos corredores do shopping ou sentados tirando fotos com as crianças.

Como se adivinhasse o que eu estava pensando, ele sorriu e explicou que tinha apenas quine minutos de intervalo, então era mais fácil colocar uma capa por cima da fantasia do que ir até o vestiário e colocar outra roupa apenas para tomar um café.

Sorri concordando. Ele deu um gole no copo de leite... Eu me lembro disso, ele estava tomando leite. E olhou para as minhas sacolas, sorrindo.

“O Natal vai ser bom esse ano”, ele disse.

Eu dei mais um gole no café, fazendo que sim com a cabeça. “Mas acho que vai ser bom para muita gente”, eu disse, depois de colocar a xícara de volta na mesa. “O shopping está lotado”.

“Não”, ele devolveu, ainda com os olhos nas sacolas. “Muitas pessoas estão aqui pensando apenas no que elas mesmas vão ganhar. Para essas pessoas, o Natal nunca é bom.”

Ao dizer isso, ele olhou para mim pela primeira vez. Seus olhos azuis passavam uma bondade imensa, algo que ficava ainda mais evidente com sua barba impecavelmente branca. Eu já havia visto muitos sujeitos fantasiados de Papai Noel na vida, mas aquele sujeito parecia ter nascido para isso. Mas havia algo nos olhos dele...

Eu não sabia se era uma ponta de cansaço. Ou de tristeza.

“E você? O que você quer ganhar?”, ele perguntou.

Olhando hoje, a situação seria até engraçada. Lá estava eu, um homem adulto, tomando café com um Papai Noel que queria saber o que eu queria de presente. Mas eu não ri disso na hora, porque quando ele fez essa pergunta, eu percebi que nem havia pensado nisso. Estava tão preocupado com os presentes, querendo não me esquecer de ninguém, que nem havia me passado pela cabeça que eu também ganharia presentes.

“Não sei. Não pensei nisso”, respondi um pouco encabulado, achando que a resposta pareceria boazinha demais para ser verdade. Mas ele acreditou.

“É por isso que eu convidei você para se sentar aqui”, ele disse, sorrindo. Agora não havia mais cansaço em seus olhos. Apenas bondade. “Porque você é uma das poucas pessoas que estava tão ocupada pensando nas outras, que esqueceu completamente de si mesmo. Você não é o único, mas pouca gente faz isso. Aqui no shopping devem ter...”

Ele deixou o resto da frase no ar e fechou os olhos. Parecia que ele estava tentando se lembrar de algo, ou fazendo alguma conta de cabeça.

“Três”, ele disparou, antes que eu pudesse falar qualquer coisa. “Sim, apenas três pessoas que pensam dessa forma estão no shopping agora. Você é uma delas.”

“Como você sabe disso?”, eu disse, segurando a risada. Aquilo parecia irreal demais.

“Eu apenas sei”.

“Então apenas eu e mais duas pessoas no shopping inteiro entendemos o Natal?”

“Sim. Na verdade, quatro, contando comigo. Mas não seria justo eu entrar na lista. Afinal, entender o Natal é o meu trabalho”.

Dei um novo gole no café para ganhar tempo e pensar no que responder. Mas tudo o que eu conseguia pensar é que se isso tivesse acontecido no ano anterior, eu teria me levantado e ido embora, achando que o sujeito era louco. Mas ali, naquele ano, naquele café... Não sei. Eu queria apenas ouvir um pouco mais. Porém, ele apenas deu um novo gole no leite, indicando que era a minha vez de falar. E foi o que eu fiz.

“Mas o fato de eu nem ter pensado no meu presente não me torna uma pessoa melhor que as outras”.

“Não”, ele devolveu, limpando a boca com um guardanapo de papel. “Não é você ter esquecido o seu presente, mas sim o motivo de você ter feito isso.”

“Eu estar ocupado demais?”

“Você não estava ocupado comprando presentes para todo mundo, e sim realmente pensando nas pessoas que receberiam os presentes. Cada coisa que você comprou... Você realmente tentou imaginar como a pessoa se sentiria ao receber aquele presente.”

“Mas todo mundo faz isso.”

“Tem certeza?”

Não. Era algo que eu nunca tinha pensado a respeito. Era uma daquelas coisas que a gente tem certeza apenas porque imagina que seja assim, e não porque realmente acontece.

“Quanto tempo você demorou até escolher a caneta?”

“Como você sabe que eu comprei uma caneta?”, eu perguntei, batendo os olhos na sacola e procurando algum indício de que a caneta que eu tinha comprado para o meu irmão estava à mostra. Mas não vi nem sinal dela. Horas depois, quando voltei para casa, fui procurar a caneta e ela estava no fundo de uma sacola. Não havia como ele ter visto aquilo.

“Quanto tempo?”, ele insistiu.

“Uns vinte minutos.”

“E você quase levou a preta.”

“Como você sabe disso? Você estava na loja?”

“Porque decidiu levar a azul?”

“Porque eu lembrei que meu irmão sempre gostou mais de azul”, eu respondi, tentando avançar a conversa.

“Sim. Você pensou no seu irmão. Você fez isso com todos os presentes. Com o disco da sua mãe. O sapato da sua esposa. O livro do seu amigo de trabalho, então, você demorou quase uma hora.”

“Eu queria encontrar algo que ele gostasse... Algo que deixasse...”

“Algo que deixasse ele feliz. Justamente o meu ponto. Você não queria apenas dar um presente. Você queria deixar a pessoa feliz.”

“Não é a mesma coisa?”

Ele deu mais um gole no leite e apanhou outro guardanapo de papel. Só quando colocou o guardanapo na mesa é que perguntou.

“Sabe por que as pessoas chamam presentes de Natal de lembrancinhas?”

“Porque não são caros?”, brinquei.

“Não. Quer dizer, sim, as pessoas sempre dizem que é uma lembrancinha por esse motivo. Mas os presentes têm esse nome porque é a forma que as pessoas encontraram de mostrar para as outras que ‘eu me lembrei de você neste Natal’.”

Eu nunca havia pensado nisso, mas fazia sentido. E eu disse isso a ele.

“Mas a maior parte das pessoas”, ele continuou, “não compra uma lembrancinha por causa disso, e sim por obrigação. Elas sabem que como vão ganhar presentes, precisam dar presentes. Acham que é assim que o Natal funciona”.

“Sim”.

“Mas você fez o contrário”, ele devolveu. “Você realmente quis mostrar que se lembrou das pessoas. Você escolheu cada presente como se fosse o único que daria. Ou como se fosse o único que a pessoa ganharia. Seu café está esfriando”.

Só então eu percebi que havia esquecido a xícara na mesa. Dei um gole e fiz uma careta ao perceber que a bebida já estava morna.

“Acho”, eu disse, “que isso é o espírito do Natal. As pessoas se sentem mais generosas nessa época.”

Ele pareceu pensar por um momento, antes de voltar a falar.

“Sabe por que o Natal é especial?”

Eu sabia. Mas não tinha ideia de como colocar isso em palavras. E também achei que minha resposta seria um pouco ridícula.

“Sim, por causa do Espírito de Natal”, ele interrompeu meus pensamentos, adivinhando o que eu queria dizer e não sabia como. “Mas muita gente não entende isso. O Espírito de Natal não é algo que existe por causa do Natal. Na verdade, é justamente o contrário.”

 “Como assim?”

“A maior parte das pessoas quer que o Espírito de Natal apareça e faça com que a noite delas seja feliz. Mas existem algumas poucas pessoas que, ao invés de se preocupar com isso, preferem levar felicidade ao Natal dos outros”.

Ele ficou em silêncio, como se quisesse ter certeza que eu havia entendido aquilo. Só então ele disse:

“Essas pessoas são o Espírito de Natal”.

Abri a boca para falar algo, mas ele fez um gesto para que eu esperasse. Foi quando ele fez algo que eu nunca entendi. Ele disse para eu olhar para as mesas. Ele disse... E isso eu lembro perfeitamente... Que eu devia olhar para o casal de namorados, para o velho que sorria na mesa do canto e para a mulher com o bebê no colo. Mas ele não tinha como saber que aquelas pessoas estavam ali. Elas estavam atrás dele e ele ficou com os olhos em mim o tempo inteiro. Ele não se virou para olhar as mesas em momento algum.

Eu obedeci. E vi o casal abraçado. O homem sorrindo com o olhar distante. A mulher que brincava com o bebê.

“Antes de você chegar”, ele disse, “o casal estava brigando. Alguma coisa envolvendo a mãe dela. O velho ali perto da porta estava amargurado. Ele fica assim todo ano, porque não vê mais graça no Natal desde que sua esposa morreu. E a mulher estava distraída, pensando somente em tudo o que ainda tinha que fazer hoje, sem sequer se lembrar do seu bebê. E o Desde que você chegou, as coisas mudaram.”

“Como assim?”

“Assim que você colocou os pés no café”, ele disse, ainda sem olhar para as mesas, “os namorados lembraram porque estão apaixonados. A mulher se lembrou do quanto ama seu bebê e o pegou no colo. E o homem se lembrou de todos os Natais felizes que passou ao lado da esposa. Ele nunca esqueceu isso, mas pela primeira vez, teve a coragem de dar mais importância para essas memórias que para a saudade que sente dela”.

Eu olhei para cada uma das mesas procurando por algum indício disso, mas não encontrei nenhum... Até que olhei para o velho e vi que, por trás do sorriso, seus olhos ainda estavam molhados. Sim, ele havia chorado minutos antes.

“Todas essas pessoas”, ele disse, “lembraram o que o Natal significa de verdade no minuto que você colocou os pés aqui. Você fez isso com elas.”

“Isso é coincidência”, eu disse. “Não tem nada a ver comigo.”

“Coincidência é como as pessoas que não querem acreditar em nada chamam as coisas que elas não conseguem explicar”.

Ele deu o último gole no copo de leite e limpou a boca novamente. Achei que ele fosse embora, mas ele permaneceu sentado, olhando para mim.

“Por isso as pessoas no café estão mais calmas... Ou mais felizes, se você quiser chamar assim, desde que você entrou aqui. Você disse que isso acontece por causa do Espírito de Natal. E eu digo que é por sua causa. E eu e você estaríamos certos. São maneiras diferentes de dizer a mesma coisa.”

“Você...”, eu disse, procurando as palavras exatas. “Você não pode estar falando sério. Tudo o que eu fiz foi comprar presentes para todo mundo. Qualquer pessoa com dinheiro poderia fazer o que eu fiz.”

“Não, não são os presentes”, ele disse, se levantando. “Sabe por que você não pensou em ganhar nada?”

Eu não respondi. Apenas olhei para ele em pé ao lado da mesa.

“Porque para você”, ele explicou, “o Natal já estava completo no momento que você resolveu pensar nas outras pessoas. Você não precisava de mais nada. Para você, o Natal é feliz porque você conseguiu fazer o Natal dos outros mais felizes. E esse é um sentimento que não está ao alcance de qualquer pessoa.”

Uma última pergunta passou pela minha cabeça, e eu não podia deixar com que ele partisse sem essa resposta.

“Você disse que existiam mais pessoas assim no shopping?”

“Sim. Três pessoas”.

“E por que você está aqui comigo? Eu não sou tão especial assim. Por que você está falando isso comigo, e não com elas?”

Ele apenas sorriu o sorriso mais bondoso que eu vi na vida.

“E como você pode ter certeza que eu não estou falando também com elas enquanto falo com você?”

Eu queria responder algo, mas ele já havia ido embora. Era como se nunca estivesse ali. Eu terminei meu café pensando em tudo aquilo e levantei sem fazer ideia do que havia acontecido. Mas, quando estava indo embora, olhei para a cadeira agora vazia à minha frente e vi algo branco nela.

Coloquei a mão no negócio e descobri que era molhado. Molhado e gelado.

Era neve.


II.

– Vô... Você não pode estar falando sério.

– Estou. Essa história aconteceu há mais de trinta anos. E eu nunca contei isso para ninguém. Você é a primeira pessoa que ouve.

– Vô... Você está me dizendo que era o Papai Noel? Assim, o Papai Noel de verdade?

– Laís... Eu não sei. Se eu estivesse contando essa história para o seu priminho, eu diria que sim, é claro que era o Papai Noel. Mas ele tem seis anos. Você tem quinze. Para você, eu posso ser sincero. Eu não faço ideia se era o Papai Noel ou não. Eu penso nisso todo Natal, e nunca consegui tirar conclusão nenhuma.

– Mas você pegou a neve? Era neve mesmo?

– Era. Tenho certeza.

– E ele parecia o Papai Noel?

– Sim. Mas ele também podia ser alguém fantasiado. Não sei. De verdade. Mas, na verdade, eu já desisti de procurar uma resposta. É por isso que eu estou contando essa história para você.

– Como assim?

– Aquilo que ele disse sobre as coincidências. Sobre as pessoas que não querem acreditar em nada... Você se lembra dessa parte?

– Sim.

– Depois de anos pensando sobre isso e sem enxergar resposta alguma, eu decidi esse ano que quero acreditar. Este ano, eu vou me dar um presente de Natal. E o presente é acreditar nessa história, que é o meu presente para você.

– Como assim?

– Eu não quero que essa história desapareça comigo, porque depois que eu não estiver mais aqui, você ainda vai ter muitos natais. Com seus pais, depois com seu marido, com seus filhos, e daqui a muito tempo, com seus netos. Essa história... Eu gosto de me lembrar dela como se fosse o meu primeiro Natal. O meu primeiro Natal de verdade... E ela não pode acabar comigo. É por isso que estou dando essa história para você, minha neta mais velha.

– Você acha verdade isso, vô? Que a gente é o Espírito de Natal?

– Acho. Mas acho que isso não é só no Natal. Acho que todo mundo tem uma coisa aqui dentro, e que no Natal chama Espírito de Natal. Mas existe com a gente o ano todo, só que com outro nome.

– Que nome?

– Amor.


III.

Décadas depois do Natal em que essa história foi escrita, a Laís ainda se lembra dela. Mas ainda não contou para ninguém. É uma história que está dentro dela, escondida do mundo, e que um dia seria passada para o seu neto mais velho.

Mas ela ainda pensa na história. Todo ano, na época de Natal, ela vai a um café depois de comprar os presentes. Escolhe uma mesa no canto e fica tomando seu café em silêncio, observando as pessoas das outras mesas e torcendo baixinho para que elas tenham um Natal feliz.

E sempre se lembrando do seu primeiro Natal, que aconteceu quando ela tinha quinze anos e ficou conhecendo a história do primeiro Natal do seu avô.

5 leitores:

Douglas Marciano disse...

Muito bom. Totalmente possível. Esse ano também vou acreditar no espírito natalino. Feliz Natal.

Rubens Gualdieri disse...

Cara, você (sem querer ou não) me deu um presente de Natal. Como diz o texto, pode ser apenas coincidência o fato de que eu precisava escutar, ainda que lido, o que escutei. E vindo de uma pergunta solta pra geral: quem quer conto de natal???
Parabéns e um ótimo Natal pra você e todos os seus.
Abraços.

Rubens Gualdieri disse...

Cara, você (sem querer ou não) me deu um presente de Natal. Como diz o texto, pode ser apenas coincidência o fato de que eu precisava escutar, ainda que lido, o que escutei. E vindo de uma pergunta solta pra geral: quem quer conto de natal???
Parabéns e um ótimo Natal pra você e todos os seus.
Abraços.

Eri6ck disse...

Perfeito!

Marco Paiva disse...

Parabéns pelo texto. ^^

 

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