E de repente o mundo explodiu. E de repente em cores e odores.
E de repente deixou o corpo cair sobre a cama desarrumada com o suor contrariando a madrugada fria e correndo pelo seu rosto. E, virado para o armário, ali se deixou abandonar, tentando controlar sua respiração ofegante que ecoava pelo quarto ainda abafado.
E de repente sentiu o dedo suave correndo pelas suas costas, desenhando silenciosamente símbolos secretos que nunca seriam compreendidos ou sequer decifrados por mais ninguém, enquanto seu corpo ainda obedecia à violenta falta de fôlego.
E de repente a consciência ameaçou lhe deixar tornando sua mente turva, fazendo com que o som da respiração ainda acelerada soasse distante no tempo, deixando como presente apenas o suave toque que ainda percorria suas costas.
E de repente percebeu que nunca mais se esqueceria deste momento e de sua doçura plácida, especialmente por ter acreditado um dia que jamais viveria outro momento daqueles que se percebe na hora que nunca será esquecido, por menor que ele seja.
E de repente percebeu que o dedo nunca havia brincado em suas costas por acaso. Enquanto sua respiração se acalmava e o coração desacelerava, um último lampejo de consciência lhe entregou o segredo: ela estava escrevendo uma crônica em suas costas.
E de repente adormeceu ali, virado para o armário, com a consciência e o coração desacelerando após muito tempo. E de repente adormeceu ali, sendo escrito num momento que seria congelado, lembrado e relembrado em silêncio doce.
E de repente, a paz reinou. E de repente, era para sempre.
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5 leitores:
PQP!
Que lindo! Quanto amor!
Pode colocar esta crônica, ou melhor, esta declaração de amor, no rol das mais lindas que você já escreveu.
Sempre. Para sempre.
Ai ai, Rob. Pare de me fazer suspirar e reviver minhas próprias lembranças com suas crônicas.
E de repente, era para sempre.
Suspiro...
<3
Um texto bem resolvido. Uma história bonita.
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