13 de julho de 2011

Sem Saída

Estava nu em uma sala com paredes amareladas e teto baixo, daqueles de quase sufocar. Mas não havia chão, havia apenas textos. Centenas de textos impressos, cada um de um tamanho, em folhas de papel sem destinatário. Sentado e abraçando as pernas encolhidas, sentiu um vento frio apesar da ausência de janelas e passou os olhos pelas milhões de frases escritas ao seu redor. Algumas faziam rir, outras fizeram chorar. Algumas amaram para sempre até o fim da vida enquanto outras viveram sozinhas dentro de parágrafos amargos. Todas haviam passado por ele. Cada palavra era sua filha, sua amiga, sua amante. Cada palavra era ele. Respirou fundo sentindo o cheiro de tinta e papel, mas sentindo o perfume morto de textos nunca escritos com palavras pelas quais jurara fidelidade eterna. E chorou sozinho ao reparar que todos os textos possuíam um título, mas ele não. E lá ficou, preso entre palavras, sem saber qual a sua.

1 leitores:

M. disse...

Manga.

é a minha.

 

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