23 de julho de 2011

A Insignificância do Mar com Fim

Bem no meio do planeta existia um vasto oceano separando porções de terra. Era extenso e reluzia à luz do Sol, que se refletia brilhante em suas águas. Estendia-se por uma grande área e, parecia até mesmo ser profundo, e era habitado por espécies de peixes pouco conhecidas e de várias cores. Em alguns trechos, era quase um universo finito e particular habitado por criaturas que existiam somente ali.

Contudo, um dia suas águas se tornaram turvas. O Sol parou de brilhar sobre ele, que se tornou uma espécie de sombra negra separando dois continentes. Barcos não mais navegavam pela sua superfície, temendo naufragar em ondas de mediocridade e covardia. Suas praias passaram a evaporar nuvens de inveja com odor de enxofre, e ele tentava permanecer vivo e reluzente se entregando ainda mais a sua pequenez.

Deixara de ser oceano e se tornara mar.

Apesar de seus esforços – ou do que acreditava serem esforços – não conseguiu reverter o processo. A vida o deixara. Os peixes simplesmente abandonaram aquele pequeno universo, impossibilitados de viver em meio à falsidade e covardia que passou a impregnar o local, poluindo suas águas, cada vez mais, feito lodo rançoso e remexido. E, por raiva de não ter vida ou brilho próprios, passou a tentar engolir ilhas ensolaradas.

Assim, desistiu de lutar e entregou-se definitivamente à sua insignificância. Fervia de raiva causada pela própria ignorância, e, com isso, evaporava de forma cada vez mais intensa. Suas ondas, ao invés de se chocarem em areias douradas, abriam rodamoinhos de ciúmes e mágoa. E, assim, mudou seu nome e passou a amaldiçoar e a julgar as praias que o cercavam, antes de quase sumir em si próprio, reduzido a uma pequena poça no mapa.

Havia deixado de ser mar e se tornara um mar pequeno.

Havia se tornado um marinho.


Essa é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, datas, acontecimentos reais ou comentários no post anterior a este terá sido mera coincidência.

O parágrafo acima é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, datas, acontecimentos reais
ou comentários no post anterior a este terá sido mera coincidência.

3 leitores:

IsabelVeronica disse...

Tarda mas não falha, né?

Pensei que você tivesse relevado e esquecido o assunto. Eu até preferia que tivesse esquecido mesmo. Mas enfim...Uma bela resposta. Limpa e com classe.

Agora deixe isto de lado, ok.

Patricia Koga disse...

Quando li os últimos parágrafos tive um acesso de riso na frente do computador. Gênio!

Anônimo disse...

Eu sabia.

 

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