– Todo mundo enche o meu saco. O tempo inteiro.
– Eu também?
– Você? Você não. Por isso que eu gosto de ficar com você.
– Que bom.
– Aliás, você faz exatamente o contrário.
– Como assim?
– Você não enche o meu saco. Você faz o contrário.
– Mas qual o contrário?
– Como assim?
– Você disse que eu faço o contrário de encher o seu saco. Mas isso tem nome?
– Como assim?
– O que é o contrário de encher o seu saco? Ou qualquer saco?
– Não sei. Ser legal?
– Não. Ser legal é contrário de ser chato. Não é o contrário de encher o saco.
– Não sei. Não sei se existe uma expressão.
– Esvaziar o saco?
– Quê?
– O contrário de encher o saco. Logicamente, seria esvaziar o saco.
– Claro que não!
– Pela lógica, seria. Encher e esvaziar. São antônimos.
– Mas esta expressão não existe!
– Então qual é a expressão?
– Não sei.
– Você tem que saber. Você não pode dizer que eu faço algo com você sem saber o que é que eu faço.
– Mas eu sei o que você faz. Você não enche o meu saco. Pelo contrário.
– O que você iria preferir? Que eu dissesse que você é maravilhosa na cama, ou que você não é ruim na cama, pelo contrário?
– Você sabe a resposta.
– Então, a partir de agora, você vai ter que dar nome aos bois aqui. O que eu faço com você?
– Você...
– Sim...?
– Você...
– Diga.
– Você não enche o meu saco, pelo contrário!
– Não acredito.
– Como assim?
– Se eu não enchesse o seu saco, pelo contrário, isso deveria ter um nome.
– Mas não tem! A culpa não é minha.
– Nem minha. Mas se todo mundo enche o seu saco, e eu não, pelo contrário, eu deveria ao menos receber uma expressão para isso. Um esvaziar o saco.
– Eu já disse que esvaziar o saco não existe.
– Eu sei. Foi apenas um exemplo. Mas que eu mereço, eu mereço.
– Mas esta expressão não existe. Não é culpa minha.
– Se vira. Eu mereço. Ainda mais que todo mundo enche o seu saco. Menos eu.
– Pelo contrário.
– Pelo contrário.
– Não sei. Juro. Não sei como dizer isso.
– Como eu disse, não acredito em você. Eu acho que você está falando isso apenas porque estou aqui.
– Claro que não!
– Pode parar com a mentira.
– Eu não estou mentindo! Não conheço uma expressão que seja o contrário de encher o saco! Você é legal! Pronto?
– O contrário de ser legal é ser chato. E não encher o saco.
– É a mesma coisa.
– Não é. Mas não faz diferença. Eu não acredito mais em você. Nem na parte do ser legal, nem na parte do não encher o seu saco, pelo contrário.
– Mas é verdade!
– Não acredito.
– Sério, que coisa chata isso!
– Ah, agora estamos chegando a algum lugar! Ao menos, você admite que sou chato!
– Pára com isso! Eu não acho você chato!
– Acabou de falar que acha!
– Não, eu apenas disse que...
– Ou seja, aquele negócio de eu não encher o seu saco, pelo contrário, era mentira. Sempre foi mentira.
– Não é mentira!
– Evidente que é.
– Juro que é verdade! Por isso que eu adoro ficar com você.
– Duvido.
– Juro. Você não enche o meu saco, pelo contrário. Eu não sei como dizer isso, mas é verdade. Eu me sinto bem quando estou ao seu lado. Eu me sinto apoiada, segura e protegida.
– Hum...
– De verdade. Juro.
– Jura?
– Juro.
– Ok. Quem bom que se sente assim.
– Que bom que acredita. Fico mais aliviada.
– Sabe o que eu mais gosto em você?
– Não.
– Nem desconfia?
– Não. O quê?
– Você nunca consegue perceber quando eu estou apenas enchendo o seu saco.
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7 leitores:
impossível, td mundo enche o saco
Esvaziar o saco é uma boa expressão. Pena que ela não tem saco.
Adoro esses momentos do namoro que são fofos... essa encheçao de saco sem ser annoying, sabe?
Todo mundo merece um namoro assim, até vc, que enche o saco de vez em quando! haha...
Ah o amor, é uma 'encheçã'o de saco =D
Exatamente o contrário.
Eu não gostei, pelo contrário.
Lindo, lindo !
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