Abriu o processador de texto e
começou a escrever sem rumo algum. Ignorou todas as ideias que estavam
guardadas em sua mente e começou a digitar, seguindo seu instinto, vendo quais
palavras apareciam no caminho. E assim escreveu em linha reta e observando a
paisagem até se encontrar com uma pequena bifurcação.
De um lado, a realidade. Do outro,
a ficção.
Enquanto a realidade lhe parecia
mais cinzenta, o caminho que levava à ficção aparenta ser mais colorido. Assim,
optou pelo segundo caminho e começou a ver suas palavras passearem por mundos
inventados, cruzarem caminho com personagens inventados e testemunhando
situações que nunca aconteceram de verdade. E foi desta forma que continuou
caminhando sobre o teclado, até chegar a um novo desvio.
De um lado, o amor. Do outro, o humor.
Desta vez, precisou refletir.
Sabia que o amor só existe de verdade com humor, e que o humor, por sua vez, também
se enriquece com a leveza do amor. Sem saber que caminho escolher, confiou na
sorte. Pegou a enorme barra de espaço do teclado e atirou-a para cima, vendo-a
rodar antes de cair, atingindo o solo no caminho do amor. E pelo amor seguiu
com suas palavras, observando personagens de mãos dadas e outros se beijando
apaixonadamente – até que encontrou uma nova encruzilhada.
De um lado, o final feliz. Do
outro, o final amargo.
Ambos os caminhos lhe pareciam
igualmente bonitos – mas sabia que o destino de cada um seria completamente
diferente do outro. Olhou para cima e viu que o céu estava azulado e sem nuvens
e decidiu pelo final feliz – já que casais separados combinam muito mais com um
dia nublado, de preferência com garoa fina e vento frio. Assim, rumo ao final
feliz, continuou digitando fingindo para si mesmo que ainda não possuía um rumo
– pois sabia que uma das coisas mais gostosas do mundo é fingir que algo bom
não está acontecendo para ser surpreendido. E foi surpreendido, sim, com outro
desvio.
De um lado, somente narração. Do
outro, diálogos.
Sabia que diálogos emprestariam
leveza e fôlego ao texto, mas a certeza de caminhar para um final feliz fez com
que reunisse coragem para um desafio maior. Assim, optou por deixar os
travessões de lado e concentrou-se somente no narrador, na descrição dos ambientes
e na força dos sentimentos – que, ele sabia bem, nem sempre precisavam ser
falados, apenas sentidos com sinceridade. Já caminhava apressado, quase
correndo pelo teclado, sentindo os protagonistas ao lado, controlando-se para
que sua própria ansiedade não fizesse com que a história se apressasse.
E relaxou somente quando chegou ao
último parágrafo, sentindo o coração disparado de paixão quando viu seus
protagonistas se beijando pela primeira vez e eternamente – pois a grande
vantagem de textos que terminam com um beijo é que este beijo se torna eterno,
já que o leitor não vê nada do que acontece depois.
E, com a sensação de dever cumprido, largou o teclado e respirou fundo. Havia traçado um caminho cheio de decisões, fazendo com que seus personagens descobrissem o rumo da felicidade. Digitou a palavra fim e foi descansar.
No dia seguinte, trilharia outro caminho, com outros desvios, outros mundos, outras decisões. E escreveria uma nova crônica.
E, com a sensação de dever cumprido, largou o teclado e respirou fundo. Havia traçado um caminho cheio de decisões, fazendo com que seus personagens descobrissem o rumo da felicidade. Digitou a palavra fim e foi descansar.
No dia seguinte, trilharia outro caminho, com outros desvios, outros mundos, outras decisões. E escreveria uma nova crônica.
2 leitores:
Só faltou uma música de fundo...
Excelente! E de certa forma eu me vi nesse texto.
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