5 de agosto de 2011

líquido

vermelho que explodiu para todos os lados, junto com fragmentos trincados de ossos. Pedaços de um cérebro agora em paz e sem memórias espalharam-se feito carnaval. Imediatamente, as paredes e os móveis ganharam respingos vermelhos que começaram a escorrer timidamente, como versos que não encontram rima. Entre a porta e a mesa, um filete rubro deslizou em direção ao chão, cobrindo o interruptor num silêncio agora pacífico. Em meio aos rios vermelhos que racharam as paredes e mancharam os papéis repletos de palavras sobre a mesa, o corpo sem dor permanecia inerte, após tombar desajeitado dentro de seu silêncio. Ao lado de sua cabeça ainda fumegante, uma poça pacífica avançou pelo chão de madeira, formando um lago enorme e pecaminosamente vermelho. Deitado e sozinho, sem dor ou mágoa, seus olhos estáticos continuavam com a mesma ausência de brlho e fitavam a porta de uma forma acidentalmente teimosa. Mas, desta vez sem esperar que ela se abrisse. Num lado do rosto, uma pequena gota desafiava o vermelho que havia coberto o mundo, mantendo-se ainda cristalina e ainda imaculada. Uma lágrima pequena e corajosa. E que insistia em, até o último instante, desfilar em nome de uma bondade perdida. Cristalina, ela correu pela pele morta em direção ao chão, lembrando cada sonho rompido, recordando cada memória de fatos que nunca aconteceram, e, ao invés de mergulhar no vermelho-morte e se perder feito criança, evaporou, tornando-se...
 

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