25 de março de 2013

Devo(ra)ção

De joelhos.

Com o resto de visão que lhe restava, ergueu os olhos em direção ao horizonte de pele clara, admirando o brilho da leve penugem dourada que refletia o Sol. E, com os braços estendidos, tateou o corpo quente à sua frente, percorrendo suas curvas com os dedos e agarrando-as para si. Respirando fundo e faminto, sentiu o cheiro doce de alma em transe invadindo seus sentidos. E, quando pernas envolveram sua cabeça, sufocando seus ouvidos com força desesperada, deixou de ouvir o mundo, e apenas imaginou os gritos.

E pensou confuso e afoito que se um dia escrevesse sobre isso, terminaria o texto dizendo que tanto sua visão como seu tato, tanto seu olfato como sua audição eram dela. Mas seu paladar, não.

Seu paladar era ela.

2 leitores:

Patrícia Siciliano disse...

Uau! Que descrição linda e delicada. Como vale a pena seguir esse blog... :D

Bia Alper disse...

Alá a sacanagem virando poesia.

 

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