- Eu sonhei com música...
- Eu sei.
- Era um piano, calmo e tranquilo. Com uma voz doce.
- Eu ouvi.
- Não eram palavras... Mas era tudo tão doce...
- Sim.
- Você não dormiu?
- Eu estava vigiando o seu sono.
- Que barulho é esse?
- É lá fora. Ainda está chovendo.
- Que horas são?
- É cedo. Descanse mais um pouco.
- Dorme comigo?
- Não. Não agora.
- Mas você precisa descansar.
- Eu descanso vendo você dormindo. Eu amo ver você sonhar.
- Por quê?
- Porque eu existo nos seus sonhos. Em todos eles.
- Para sempre?
- Para sempre.
- No meu sonho, você sorriu para mim. Sorriu como está sorrindo agora.
- Eu me lembro.
- Eu adoro o jeito que você sorri.
- E eu sempre vou sorrir desta forma.
- Como você pode ter certeza?
- Porque eu aprendi a sorrir quando você aprendeu a sonhar.
- Como assim?
- Foi você quem me ensinou a sorrir.
- Mas você já sorria antes de mim.
- Sorrir e saber sorrir são coisas diferentes.
- Sorri para mim?
- Sempre.
- Eu amo você.
- Eu também.
- Para sempre?
- Para sempre. Sonha comigo.
- Sonho.
- Para sempre?
- Para sempre.
Acordou. Estava só, a não ser pela música que escapava do aparelho de som, preenchendo o vazio do quarto.
Lá fora, continuava chovendo.
Notas de bastidores: esta crônica foi parcialmente inspirada pela trilha sonora de Blade Runner, composta por Vangelis. A idéia veio do título da música I Dreamt of Music, não por acaso a frase que abre o texto. Já a “canção do sonho” é uma mistura entre Memories of Green (o piano) e Rachel’s Song (a voz). O fato de estar chovendo é outra homenagem ao filme. Os personagens foram imaginados como um casal, mas em momento algum indico quem é o homem e quem é a mulher. Assim, fica a critério de cada leitor se identificar com quem sonha ou com quem é sonhado.
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2 leitores:
Que coisa mais linda.
[meio Inception, uh? E linda.]
Essa coisa maravilhosa que é ter alguém que ama a gente assistindo a gente dormir.
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