Dá uma olhada nessa imagem. Olha essa casa. Olha que
absurdo. Essa casa chega a ser até engraçada. Não tem teto, não tem nada. Não dá
nem para entrar na casa, porque a casa não tem chão. E aí eu pergunto para
você. Que tipo de governo entrega uma casa dessas? Não dá nem para fazer pipi,
porque olha lá, nem penico tem ali. É brincadeira entregar uma casa dessas. É
um descaso muito grande com o povo. O sujeito é trabalhador não tem onde morar
e o governo dá uma casa. Aí não dá nem para colocar uma rede, porque na casa
não tem parede. E aí você vai falar com o governo e ele diz que é uma casa
feita com muito esmero. Não dá pra acreditar!
Oi? Olha, tá chegando uma notícia aqui... Como é que é? É
numa delegacia? É isso aí. Olha, numa cidade da grande São Paulo, embaixo de
uma sacada, um cravo brigou com uma rosa. Todos os vizinhos viram... Era um
casal que estava discutindo, não sei o motivo da briga, vamos tentar descobrir.
Mas a coisa saiu do controle. O cravo saiu ferido, mas a rosa... Olha a imagem
aí, que uma flor que estava na rua fez depois da briga. Olha essa imagem. O
cravo saiu ferido, mas a rosa ficou totalmente despedaçada. E agora os parentes
da rosa estão lá na delegacia, querem justiça. Você está vendo ali a hora que o
cravo foi levado para a delegacia, olha a multidão de flores querendo linchar o
cravo. Olha a polícia tentando segurar a multidão... Esse cravo é um covarde! Não
tem que segurar não! Tem que deixar linchar! A rosa está totalmente
despedaçada, num hospital. Esse cravo, olha, eu não sei se ele tem noção da força
que ele tem... Tem noção, né? Vagabundo sempre tem noção da força, sempre sabe
quando o outro é mais fraco. Não vou dizer aqui que tem que deixar linchar,
porque as flores de bem que estão ali querem só justiça, mas tem que jogar um
cravo desses na cadeia. E eu pergunto aqui quem é que vai pagar a conta do
hospital dessa rosa? Quem? O governo? Tem que botar esse cravo pra trabalhar na
cadeia pra pagar o hospital dessa florzinha! Vamos ver outra matéria, depois a
gente volta aqui pro cravo, vamos falar com o delegado.
Na Zona Norte de São Paulo tem um menino que está tacando o
terror ali... Onde é mesmo? Zona Norte, né? Isso. Tem um menino... A polícia já
foi chamada, não fez nada. O menino fica tacando pau nos gatos da Zona Norte.
Já foi preso, mas a polícia soltou. É por causa daquele negócio de maioridade
penal, que diz que o menino não sabe o que tá fazendo, que é pequeno. Olha,
pequeno é o filho do trabalhador que vai pra escola. Esse é pequeno. Agora, um
monstro que fica atirando pau nos gatos, esse não é pequeno. Esse sabe o que
faz, porque esse é ruim. É ruim desde criança, vai ser ruim quando crescer. E
os vizinhos estão em pânico, porque toda hora esse moleque, esse meliantezinho,
esse mau elemento, fica atirando pau nos gatos. Desta vez uma mulher viu tudo.
Corta lá para reportagem. Repórter está na área.
- Tô sim. Tô aqui e está todo mundo muito assustado com o
que vem acontecendo com os gatos aqui na Zona Norte. Eu estou com a Dona
Francisca, e ela viu o último ataque. Não viu, Dona Francisca?
- Na verdade, ver eu não vi, meu filho. Eu só ouvi.
- Mas a senhora ouviu o ataque, dona Francisca?
- Pode me chamar de Chica. Todo mundo aqui me chama de
Chica.
- Certo, Dona Chica, e o que senhora ouviu?
- Ouvi o berro do gato. Eu tava em casa vendo a novela e fiquei
até admirada, nunca vi um gato berrando daquele jeito.
- Mas a senhora não viu o gato depois?
- Não, eu até olhei pela janela, mas não vi nada. Só ouvi o
berro mesmo.
Tá certo. Tem que prender um moleque desses. A polícia já
está atrás, mas não adianta prender e soltar. Tem que deixar na cadeia. Quer atirar
pau no gato? Covarde! Covarde! Joga na cadeia e vai atirar pau em vagabundo que
tá na cadeia pra você ver o que acontece! Covarde!
Olha... Eu vou fazer uma paradinha rápida aqui... Antes
disso, deixa eu falar o que aconteceu. A polícia encontrou no centro de São
Paulo um porão cheio de escravos. Estavam todos ali, sem água, sem comida,
alguns até sem roupa, tudo jogando caxangá. Tudo imigrante legal. A polícia já
encontrou o dono da fábrica, é um tal de José Pereira, que já está preso. Mas as
imagens são fortes. A gente vai pro intervalo e volta, é rapidinho e volta com esse
assunto. Oi? Tem também um rapaz... Olha, foi lá no Itororó. Tem uma fonte ali,
e o cara foi buscar água para a casa dele... Chegou na fonte, tinha uma mulher,
bonita, morena... Você nem imagina o que aconteceu! Vamos cortar rapidinho pro
comercial e eu voto com isso. Segura aí!
(Este post foi inspirado nesta foto aqui, postada pela Nanda Mota no Instagram, e pelo comentário do @afranzolim)
(Este post foi inspirado nesta foto aqui, postada pela Nanda Mota no Instagram, e pelo comentário do @afranzolim)
2 leitores:
Acabei de ler outra matéria deste mesmo jornal. Um desperdício abusivo do dinheiro publico, vejam só. A prefeita mandou colocar pedrinhas de brilhante numa calçada que fica perto da própria casa. Um absurdo. Tudo isso apenas para ver seu amor passar.
Cara, que puta trabalho de grupo! Parabéns!
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