23 de junho de 2010

Quase Anônimos

Beijou os lábios dela e sentiu seu corpo se arrepiar. Nunca havia sentido um beijo tão desprovido de carinho – era furioso, faminto, voraz. Perdeu o ar deliberadamente, pois queria respirar o beijo, lábios que dançavam uma música própria, com ritmos, sons e sabores que apenas eles pareciam conhecer. Saíram do chão na mesma velocidade que as peças de roupa começaram a cair – desabar, na verdade. Mãos cegas tateavam em busca de botões e zíperes, rasgando e arrancando tudo o que encontrassem em seu caminho. Ouviu-a gemendo baixinho dentro de sua boca e ter a voz dela dentro dele lhe deu uma sensação de intimidade que nenhum outro homem havia sentido antes. Esmagando o corpo quente dela na parede, foi abraçado pelas suas pernas e enlaçado pelos braços, que jamais o deixariam sair daquela armadilha. E sorriu sem perceber, sem perceber também que estava disposto a morrer ali. Deixando qualquer resquício de sanidade junto com as roupas, descobriu um mundo novo, quente, infernal e suavemente quente, estonteantemente quente e, de olhos fechados, correu em direção ao Sol, até que sua vista se surtou, o mundo começou a girar e seu coração desatou a gargalhar feito criança. Sentiu os músculos se retesarem, acumulando um berro incontido que escapou num urro baixinho. E ficou ali, em pé, fraquejando, suado e tremendo, amparado no corpo dela e com o rosto escondido em seus cabelos, tentando se lembrar que havia um mundo lá fora. Sabia apenas o nome dela. Não sabia a idade, o que fazia, onde morava.

Sorriu ao perceber que sabia tudo sobre ela.

3 leitores:

Otavio Oliveira disse...

o amor em seu formato mínimo.

Anônimo disse...

/skankfeelings

já te disse que se vc escrever um livro eu compro, né?

Unknown disse...

Não tenha duvidas que se vc escrever um livro eu compro.

 

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