– Eu quero conversar com você.
– Claro. Diga.
– Eu acho que nós não devemos nos encontrar mais.
– Como assim?
– Isso mesmo que você ouviu.
– Mas por quê?
– Porque sim.
– Não, espera. Foi algo que eu fiz?
– Não. O problema não é você.
– Qual o problema, então?
– Sou eu.
– Isso é clichê demais. Não vou aceitar isso.
– Mas é a verdade.
– Duvido. Abre o jogo. Eu fiz algo errado?
– Não. Mesmo. Acredite em mim.
– Eu não tenho como acreditar nisso. Nós saímos quatro vezes até hoje, e foi ótimo. Ao menos, eu achei ótimo.
– Eu também achei.
– Então! Não faz sentido!
– Eu sabia que você não iria entender mesmo...
– Não, não sou eu. Ninguém iria entender isso.
– Por favor, você precisa acreditar em mim. É o melhor para nós dois.
– Mas não faz sentido. Você tem outra pessoa, é isso?
– Não, não tenho. Mas é o melhor a ser feito.
– Foi algo que eu fiz? Seja sincera...
– Não. Você é perfeito.
– Aparentemente, não.
– Estou falando sério. Você é perfeito.
– Mas, então...
– Então nós não vamos mais nos encontrar. Eu não posso mais ver você.
– Não pode, ou não quer?
– Não posso. Não quero. Não posso. Não sei.
– Mas você não acha que me deve ao menos uma explicação?
– Talvez. Mas é por isso que eu disse que você precisa confiar em mim.
– Eu confio. Mas eu quero saber o motivo.
– Se você quer saber, então é porque não confia.
– É o meu direito! Qual o motivo?
– Por favor, não insista. Eu vou embora.
– Não, eu não vou deixar você ir assim. O que eu fiz de errado?
– Deixe eu ir...
– Não. Qual o motivo disso?
– Não me pressione assim, por favor.
– Responda. Qual o motivo?
– Por favor...
– Você acha que eu realmente...
– EU AMO VOCÊ, PORRA! ERA ISSO QUE VOCÊ QUERIA OUVIR? VOCÊ QUER O MOTIVO? É ESSE! EU NUNCA CONHECI ALGUÉM COMO VOCÊ! EU AMO VOCÊ E NÃO SUPORTARIA A IDÉIA DE PERDER VOCÊ! SERIA DEMAIS PARA MIM! ADEUS!
Jogou um copo de água na cara dele, virou as costas e saiu batendo os pés. Ele ficou sozinho e molhado ali, sem entender nada, com todas as pessoas do restaurante olhando para ele. “Cafajeste”, ele ouviu alguém cochichando baixinho.
Pediu a conta e, minutos depois foi embora.
Não mais teve notícias dela. E nunca entendeu direito o que aconteceu.
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6 leitores:
O mais interessante desse texto é que, apesar de ser muito engraçado, não é difícil de encontrar isso na realidade.
Adorei o post.
Adorei o : " Eu amo vc PORRA.."
Lindo.
com todo o respeito, achei clichê.
Ela amar ele era o óbvio, ela ter o medo da relação.. sei lá.
Mas o diálogo é bem escrito.
:D
Mas que mania esse povo tem de dizer que tudo é clichê. É regra só poder escrever o impensável? Para mim, é só escrever bem que qualquer clichê se torna uma obra prima.
Belo texto, Rob. Eu adoro diálogos sem narração, que não deixa o ritmo se perder.
Ai, doeu.
E depois é homem que tem medo de relacionamento....
(respostas abaixo.
aHUAhuAUHAuhaAUHa)
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